terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Tailândia dissolve Parlamento e vai antecipar eleições: Anúncio de medidas pela primeira-ministra não acabou com protestos na capital, que exigem sua saída do poder

No domingo, principal partido de oposição demitiu todos os seus membros, agravando a crise política no país
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Mesmo após dissolver o Parlamento e anunciar ontem que o país terá eleições antecipadas --dentro de 60 dias--, a primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra, não conseguiu apaziguar os cerca de 140 mil manifestantes que continuam a exigir a renúncia do governo.
Mesmo após o anúncio da chefe de governo, o líder do movimento de oposição, Suthep Thaugsuban, apelou a seus apoiadores que continuem a luta.
"Meus partidários querem mais do que a dissolução do Parlamento", disse Thaugsuban, que se vê em posição forte depois que milhares de manifestantes saíram novamente às ruas da capital, Bancoc.
Shinawatra apresentou a dissolução do Parlamento para a aprovação do rei.
Após o governo anunciar novas eleições, Washington reagiu afirmando que apoia fortemente o processo democrático na Tailândia, "um país aliado e amigo".
"A convocação de eleições é um modo de avançar em meio às tensões políticas e aos protestos", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.
O principal partido de oposição anunciou no domingo a demissão de todos os seus membros, agravando ainda mais a crise política que atinge o país há várias semanas.
Os manifestantes também querem se livrar do que chamam "sistema de Thaksin", nome do irmão de Yingluck, ex-primeiro-ministro deposto em um golpe de Estado em 2006 e que, apesar de seu exílio, permanece no centro da política no reino.
Ontem, manifestantes marcharam por várias ruas da capital em direção a área onde ficam os principais edifícios governamentais.
Os protestos começaram após um projeto de lei de anistia para que o irmão da primeira-ministra escape das condenações por malversação de fundos públicos.
Protestos já chegaram a reunir 180 mil pessoas.
    Fonte: Folha, 10.12.13.
www.abraao.com


www.abraao.com


www.abraao.com


www.abraao.com


Coreia do Norte confirma saída de tio de Kim: Destituído de todos os títulos, Jang Song-thaek foi 'apagado' de cenas de documentário

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Coreia do Norte confirmou a destituição de Jang Song-thaek, tio do ditador Kim Jong-un e um dos membros mais influentes do regime comunista. Para Pyongyang, ele cometeu "atos criminosos" e liderou uma "facção contrarrevolucionária".
Segundo a agência de notícias oficial KCNA, a decisão foi tomada após uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista. Na nota, o governo afirma que Jang havia formado um grupo golpista dentro do partido e nomeou homens em cargos estratégicos para cumprir suas ambições políticas.
O tio do ditador ainda foi acusado de manter "relações inapropriadas" com mulheres e ser "afetado pelo modo de vida capitalista". "Ideologicamente enfermo, extremamente ocioso e despreocupado, consumia drogas e gastava divisas estrangeiras em cassinos", destaca a KCNA.
Jang ocupava o cargo de vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, o órgão de decisão mais poderoso do país e é marido de Kim Kyong-hui, tia do atual mandatário, pois é irmã do ex-ditador Kim Jong-il, que morreu em 2011.
Jang Song-thaek foi durante décadas uma das personalidades fundamentais do regime comunista, governado por três gerações de Kim desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ele ganhou destaque pelo respaldo que ofereceu ao sobrinho quando este dava os primeiros passos como dirigente do país.
Na semana passada, a agência de inteligência da Coreia do Sul havia dado as primeiras informações de que Song-thaek teria sido demitido. O tio do ditador não era visto publicamente havia semanas e dois de seus assessores mais próximos teriam sido executados.
Imagens veiculadas na TV estatal mostraram Jang sendo despojado de todos seus títulos em uma reunião do partido liderada por Kim no domingo passado.
Ontem, o governo divulgou novas imagens de um documentário veiculado em outubro em que o tio do ditador foi retirado de várias cenas.
Fonte: Folha, 10.12.13
www.abraao.com

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Reforma do Conselho demanda improvável conjunção de fatores: Circunstâncias para a entrada do Brasil no órgão são menos propícias do que quando a ONU surgiu, em 1945

Falta um consenso amplo sobre quais seriam os países merecedores de inclusão no órgão máximo da organização das nações unidas
DAWISSON BELÉM LOPESAZIZ TUFFI SALIBAESPECIAL PARA A FOLHA
O tema da reforma do Conselho de Segurança da ONU voltou à ordem do dia. E o Brasil, que é candidato a um assento permanente no órgão, vem apresentando as suas credenciais, seja por meio de discursos diplomáticos, seja pela crescente participação em operações de paz ao redor do mundo.
O Brasil teve sua maior chance de obter uma cadeira cativa pouco antes da criação da ONU. Nesta época, contou com o ostensivo apoio dos EUA. Sua dimensão continental, aliada a traços como o pacifismo e o respeito aos códigos internacionais, dava-lhe um ar de "gigante gentil".
Da perspectiva regional, Brasília fazia o contraponto a Buenos Aires --que seguia cultivando, para Washington, "tendências fascistas".
Porém, nossa candidatura ao Conselho não se viabilizou. Nosso ponto forte -- alinhamento com os americanos-- foi também a principal razão de objeção por parte de Londres e Moscou, que temiam automática duplicação do voto estadunidense.
O debate contemporâneo tem dois polos: de um lado, há os que entendem tratar-se de uma aspiração legítima e necessária, que reposicionaria o Brasil entre as grandes potências; de outro, aqueles que a consideram uma perda de tempo, dinheiro e energia, pois não conseguem enxergar relação com o desenvolvimento do país.
Entretanto, tal debate desenrola-se, quase que invariavelmente, a partir de uma falsa premissa: a de que, no atual contexto internacional, seria factível uma expansão do Conselho que viesse a contemplar o Brasil. Por motivos diversos, as atuais circunstâncias são ainda menos propícias do que em 1945, pois:
1) O Brasil cresceu, fortaleceu-se e passou a reivindicar a liderança da América do Sul. Sua economia era menor até que a argentina nos anos 1940. O "gigante gentil" tornou-se menos dócil.
2) Falta um consenso amplo sobre quais seriam os países merecedores de inclusão no órgão máximo da ONU. Candidatos competitivos à vaga deverão gerar convergências entre EUA, Reino Unido, China, Rússia e França (uma condição praticamente inalcançável).
3) O veto, em momentos cruciais, paralisou a ONU. Acabar com ele --como querem alguns-- dependeria da aquiescência dos atuais membros permanentes, o que é quase impossível.

Depois do Irã, por que não Cuba?

JULIA SWEIG
A Casa Branca finalmente parece entender que não pode obter o que quer de Cuba à custa de sanções
Em 1823, o secretário de Estado John Quincy Adams viu Cuba como estando madura para a expansão territorial dos Estados Unidos, que precisavam sufocar conflitos faccionais e firmar-se como potência mundial.
Quase 200 anos depois, o secretário de Estado John Kerry e o presidente Obama resistem obstinadamente à "fruta mais à mão" representada não pela possibilidade de anexação, mas de uma vitória de política externa com Cuba.
O contraste com o Irã é instrutivo. Primeiro com Hilary Clinton e agora com John Kerry, a Casa Branca de Obama tem mostrado que um consenso internacional em torno de um misto de diplomacia e sanções coletivas pode criar condições para resultados potencialmente significativos com o Irã. Para isso, ela se dispôs a antagonizar Israel e a Arábia Saudita, a provocar uma reação política contrária no Congresso americano, inclusive de seu próprio partido, e a enfurecer outros setores de linha dura para os quais nenhum processo com o Irã bastaria, exceto se o Irã desistisse completamente de seu programa nuclear e se houvesse uma mudança de regime.
Quando se trata de Cuba, Washington também se beneficia de um consenso internacional completo, embora seja um consenso quanto ao fracasso e à insensatez das sanções, e de uma opinião pública favorável quanto aos méritos de um processo diplomático. Mas a comparação não vai além disso. Em suma, a Casa Branca sabe muito bem que Cuba não possui programa nuclear, não apoia terroristas (na verdade, facilita sua incorporação ao processo democrático, no caso da Colômbia), não tem tropas na África ou guerrilheiros na América Latina e não permite que o crime organizado e o tráfico de drogas transitem por suas águas ou atravessem seu território. Após 55 anos de antagonismo, a Casa Branca finalmente parece compreender que a única coisa que Washington quer de Cuba --alguns o chamam de controle; outros, de democracia liberal-- não é algo que possa ser arrancado de Havana à custa de sanções.
A única coisa que Cuba poderia dar (mais ou menos) aos EUA hoje é um homem, e o sobrenome dele não é Castro. Seu nome é Alan Gross. Nesta semana, Gross completa quatro anos em um hospital militar cubano que faz às vezes de sua prisão. Ele foi preso quando trabalhava para uma companhia a serviço do governo dos EUA, instalando equipamentos avançados de satélite como parte dos programas de mudança de regime de Washington. Como esses programas são protegidos de Robert Menendez, democrata cubano-americano que hoje preside o Comitê de Relações Exteriores do Senado, a Casa Branca não fez muito, até hoje, além de exigir em vão a libertação incondicional de Gross.
Contudo, Obama pagou ao Egito US$ 5 milhões pela soltura de americanos detidos. Trocou espiões com Moscou. Negociou a libertação de turistas mochileiros do Irã e de um técnico da CIA do Paquistão.
Algo como 66 senadores agora são favoráveis a negociações com Havana por Gross. Obama venceu na Flórida com 50% do voto cubano-americano. Pelo quê, exatamente, está esperando o presidente?
Fonte: Folha, 04.12.13

Ditador da Coreia do Norte afasta seu mentor, diz Seul: Jovem líder Kim Jong-un teria tirado Jang Song-thaek dos cargos no regime, segundo inteligência sul-coreana

Governo sul-coreano vê tentativa de Kim de rejuvenescer cúpula, herdada de seu pai, Kim Jong-il, morto em 2011
MARCELO NINIODE PEQUIM
Os serviços de inteligência da Coreia do Sul acreditam que Jang Song-thaek, tio do ditador norte-coreano Kim Jong-un e considerado o número dois na hierarquia do Estado comunista, tenha sido afastado do poder.
Se confirmado, é o ato político mais significativo do jovem ditador desde que ele assumiu o poder, em dezembro de 2011, após a morte de seu pai, Kim Jong-il.
Segundo o Serviço de Inteligência Nacional (SIN), o afastamento faz parte de um expurgo que começou no mês passado, quando dois assessores de Jang foram executados, ambos sob a acusação de corrupção.
Jang, 67, não é visto em público desde as execuções.
Ele é casado com Kim Kyong-hui, irmã de Kim Jong-il e tia do atual ditador. Entre os cargos de Jang está a vice-presidência da poderosa Comissão de Defesa Nacional, principal órgão decisório norte-coreano.
Jang era uma espécie de mentor de Kim Jong-un. Ele e a mulher tiveram um papel importante para pavimentar o poder de Kim após a repentina morte de Kim Jong-il.
Com cerca de 30 anos, educado na Suíça e carente de experiência como líder, Kim Jong-un estaria disposto a colocar sangue novo na cúpula do regime para consolidar o seu poder.
Andrei Lankov, especialista em Coreia do Norte da Universidade Kookmin, em Seul, diz que "cedo ou tarde ele terá que substituir a velha guarda que o cerca no governo, a maioria com idade para ser seu pai ou avô".
Desde que assumiu o poder, Kim substituiu cerca de 100 autoridades, civis e militares, que serviram no governo de seu pai, de acordo com o ministério sul-coreano da Unificação.
Membros do governo sul-coreano citados pela imprensa do país temem que a possível destituição de Jang indique disputas no topo do regime que possam elevar a instabilidade na península.
No início do ano, os dois países viveram um período mais agudo de tensão quando a Coreia do Norte ameaçou usar seu arsenal atômico em retaliação ao que considerou serem atos de hostilidade de Estados Unidos e Coreia do Sul.
Fonte: Folha, 04.12.13