quarta-feira, 26 de março de 2014

Venezuela prende três generais por 'golpe': Segundo governo, detidos pretendiam derrubar presidente Maduro; não foram dados detalhes da suposta trama

Deputada oposicionista María Corina Machado, que foi cassada de forma sumária, diz que volta hoje ao país
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou ontem que foram detidos três generais da Força Aérea que, segundo ele, pretendiam colocar os militares contra o governo para realizar um golpe de Estado. Maduro disse que os três foram colocados à disposição dos tribunais militares. "Ontem [anteontem] à noite capturamos três generais que estávamos investigando graças à poderosa moral da nossa Força Armada Nacional Bolivariana. São três generais que pretendiam levantar a Força Aérea contra o governo", disse o presidente. Maduro acrescentou que a descoberta da tentativa de golpe foi possível devido à "consciência dos oficiais, os mais jovens, generais, tenentes-coronéis, que vieram alarmados denunciar que eles estavam sendo convocados para realizar um golpe de Estado no país".
Segundo o presidente, o grupo capturado tem vínculos diretos com setores da oposição e dizia que esta semana seria "decisiva" para o seu suposto intento.
Maduro deu a informação durante a reunião com chanceleres da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano.
O encontro foi convocado para discutir a situação no país, que enfrenta protestos contra o governo. A identidade dos generais detidos não foi divulgada.
Não é a primeira vez que o governo acusa a oposição de tramar um novo golpe, a exemplo do que tentou promover contra o ex-presidente Hugo Chávez em 2002.
Nas últimas semanas, no entanto, o cerco a lideranças opositoras vem aumentando.
Ontem, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), após uma audiência que durou mais de seis horas, destituiu o prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, do cargo e o condenou a 12 meses de prisão.
Ele foi condenado por não ter cumprido ordens judiciais para atuar contra barricadas de estudantes e opositores que protestavam contra o governo. Para o advogado de Ceballos, Enrique Falcón, a decisão era previsível. Anteontem, a deputada María Corina Machado foi cassada sumariamente pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, por ter aceitado convite do Panamá para falar sobre a situação da Venezuela numa sessão da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Sem a presença de quase todos os parlamentares de oposição, a destituição foi ratificada pela assembleia. Mais tarde, oposicionistas apresentaram um recurso ao TSJ para reverter a decisão.Corina disse em Lima (Peru) que não teme ser presa. "Amanhã [hoje] regressarei a meu país, porque sou deputada e, como tal, voltarei para seguir lutando nas ruas da Venezuela, sem descanso, até que conquistemos a democracia e a liberdade."

Chanceleres da Unasul encontram comissão
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Em reunião com chanceleres da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) para discutir a crise na Venezuela, representantes da oposição criticaram o controle do Executivo sobre a Assembleia Nacional e reclamaram da falta de renovação entre os quadros de poder.
Já o governo, que também estava no encontro, responsabilizou a oposição pela violência nos protestos no país que já deixaram 35 mortos.
Segundo fonte da Efe presente na reunião, que durou mais de três horas, os chanceleres da Unasul tiveram a oportunidade de escutar diferentes opiniões sobre o momento político venezuelano.
No entanto, nenhum dos principais opositores do país, como Henrique Capriles,participou do evento.
APAGÃO
Dois incêndios no Cerro del Avila, montanha que separa Caracas da costa do Caribe, deixaram sem eletricidade setores do centro da capital venezuelana na manhã de ontem, segundo informou o Ministério de Energia Elétrica.
O ministro da pasta não descartou que os incêndios tenham sido causados por ação criminosa. "A forma como ocorreu este fato nos faz supor que foi algo provocado", declarou Jesse Chacón.
A falta de energia afetou a reunião dos chanceleres da Unasul. O encontro teve início às escuras e os ministros das Relações Exteriores e representantes dos 12 países que formam o bloco tiveram de subir de escada três andares no hotel Meliá, onde acontece o encontro.
Folha, 26.03.2014

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